sábado, 8 de agosto de 2009

Fingir sentimentos para sobreviver?

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O ser humano é incrível. Pelos vistos, por uma questão de sobrevivência, as pessoas mentem e não mostram os seus sentimentos. Mas isso engana outros, que vão agir (e quem sabe também fingir) consoante os sentimentos supostos, e não os verdadeiros, criando uma sucessão de mal-entendidos. E quando há alguém que não se põe com tretas e é verdadeiro... ninguém acredita!

Ontem falei com alguém com quem há uns anos vivi uns momentos muitos giros.
Havia muito carinho e amizade à mistura. Mas nunca achei haver sequer uma paixoneta. Ninguém jamais falou nesses termos. Para mim fomos dois amigos que durante algum tempo se encontraram mais vezes e de uma forma mais "colorida". Sem filmes.
Pouco tempo depois estávamos ambos com outras relações. Curiosamente, fomos exactamente relacionar-nos com duas pontas de um casal em ruptura. Inicialmente, parecia que "eles" tinham uma relação apaixonada; no "nós" ele estava apaixonado por mim, eu gostava mais de como ele parecia gostar de mim e do tipo de relação que tínhamos que dele (e sempre o disse). Mas isto foi tudo fugaz: em três tempos o casal reconciliou-se e acabaram os namoricos.
Peço desculpa ao mundo, mas nada disto me partiu o coração. Não estava apaixonada e ainda por cima tinha ajudado à reaproximação de duas pessoas que se amavam e que o tempo (a vida?) tinha afastado.
Toda a vida vivi paixões intensas e já não sei quantas vezes morri de amor. Mas também tive relações desapaixonadas, que começaram e acabaram com naturalidade. Aliás, a sensação de que tudo é efémero entranhou-se de tal modo em mim que os "finais" já não têm o mesmo impacto. Além de que a felicidade dos outros não me faz mossa (antes pelo contrário!).
Pois bem. Ontem a conversa começou com um "quando vamos jantar?" que adorei. Era muito fixe quando íamos para o tasco comer (eu, pregos em pão; ele, francesinhas), emborcar (ok, eu bebia duas ou três cristais pretas e ele uma dúzia de finos), e fumar feitos loucos (pronto, enquanto eu fumava cinco cigarros, ele dava cabo de um maço inteiro), por entre uma conversa agradável. Tenho saudades desses tempos.
— Vamos, claro!
— Tenho saudades tuas, beleza.
(be-quê!?!?!?!?...que estranho, da boca dele… não deve ser nada)
Começamos as combinações e, de repente:
— Mas a patroa não pode saber.
(o quê?!?!?!?!)
Explicou-me que ela tem ciúmes de mim. Que a relação porreira deles é fachada. Que ela é fixe comigo por uma questão de sobrevivência, pois sabe que ele tem carinho por mim. E ele já não gosta dela.
Fiquei chocada. Pensei que eram um casal feliz.
— E o teu patrão deixa?
— Eu não tenho patrões! Estás a confundir-me! Que mal tem jantarmos?
De repente a conversa deu um salto e estava a reviver o passado em Brideshead...
(Continua...)

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