quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Good luck with that!

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Uma das perguntas que surgem sempre quando uma pessoa se diz poly, é a inevitável “Então e quantas relações é que tens neste momento?”. Para responder a isto, uma imagem que me vem já à cabeça é a de um buffet de casamento. É como se alguém me dissesse “Eia! Comida à farta o dia inteiro, 30 pratos e 40 sobremesas! Quantos quilos de comida é que meteste no bucho?”. É que eu, para além de gostar quase tanto de casamentos como de funerais, sou aquela pessoa que come menos nesses dias do que em dias normais. Não é a possibilidade que faz a vontade nem a disponibilidade.

Para além disso, há uma agravante nas questões do poliamor e das relações pessoais. É que, ao contrário do leitão de maçã na boca, as pessoas têm vontade própria e, algumas, desejos de exclusividade. Não basta querermos comer alguém, esse desejo também tem de ser recíproco. E a toda a gente que pense “Beeeem, isto do poliamor deve ser só comer gajas!!” (ou gajos, perdoem-me a tendência sexista no que se refere a frases alarves), a todas essas pessoas eu proponho que saiam por aí a tentar engatar, dizendo que são poly, que têm outras relações e que num futuro próximo todos se vão conhecer e participar em alegres almoços de domingo (ou piqueniques, que também os há).

Declararmo-nos poly e colocarmos ênfase na honestidade pode ser um dos maiores entraves à tão fantasiada quantidade de relações a que alguns nos associarão de imediato. Ser poly significa que não tomamos como dado adquirido a exclusividade amorosa, nem para nós nem para quem amamos. Quanto a encontrar pessoas que pensem da mesma maneira e que ainda por cima gostem de nós, o que vos tenho a dizer é "boa sorte"! Com ou sem maçã.

2 comentários:

Luís Miguel Viterbo disse...

Aqui seguem boas notícias para quem quer «comer gajas»:

É preciso, no divertido e certeiro texto da Lara, pôr ênfase na expressão "e que ainda por cima gostem de nós"!

De facto, «comer gajas» é capaz de não ser assim tão difícil, sendo poly — isto se estivermos para aí virados. Agora, encontrar pessoas que não sejam (só) fuck buddies, isso sim, são outros quinhentos.

Querem ir ao buffet enfardar? No meu círculo de amig@s talvez não tenham muita sorte (o poliamor e o amor livre não são bem a mesma coisa…) mas no mundo em geral acredito que haja todo um rodízio de pessoas interessadas…

Daniel Cardoso disse...

E às vezes nem basta tanto, mesmo que seja só para "comer gajas" - não é preciso chegar ao almoço de domingo, basta chegar ao "com conhecimento de todas as partes" para pôr muito boa gente a andar, em jejum.