terça-feira, 13 de outubro de 2009

«Je bande»

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Na comunidade poliamorosa e nas redes íntimas do poliamor, coabita, no que diz respeito ao sexo, toda uma enorme gama de pessoas e relações: desde a abstinência militante até à apologia da abundância sexual, há de tudo. O que importa não é de facto a quantidade de sexo que cada um tem, ou quer ter, mas sim a ausência de repressão. E um olhar sobre a expressão sexual como algo de fundamentalmente bom e saudável.

Com 50 anos, o grande cantautor Georges Brassens compunha a divertidíssima canção Fernande, que ainda hoje é proibida na rádio francesa. Proibida porquê? Porque o refrão insiste na expressão Je bande, que se poderia traduzir por «Fico com tusa» ou «Dá-me tusa». E porque é um hino à masturbação.

Fernande tem uma mensagem simples, que se resume nas duas últimas linhas do refrão:
La bandaison, papa | Ça n'se commande pas

A tusa, papá | Não se controla
A inteligentíssima Carla Bruni canta uma versão deliciosa desta Fernande, que deixo aqui:


Aqui vai o refrão completo:
Quand je pense à Fernande | Je bande, je bande | Quand j'pense à Félicie | Je bande aussi | Quand j'pense à Léonor | Mon dieu je bande encore | Mais quand j'pense à Lulu | Là je ne bande plus | La bandaison papa | Ça n'se commande pas.

Quando penso na Fernande | Dá-me tusa, dá-me tusa | Quando penso na Félicie | Também me dá tusa | Quando penso na Léonor | Meu Deus, dá-me tusa outra vez | Mas quando penso na Lulu | Aí já não me dá tusa | A tusa, papá | Não se controla.
E a minha pergunta é: mas então quando tanto a Fernande como a Félicie como a Léonor dão tusa, porque é que as pessoas acham que só com uma delas é que está «certo»? Bem, vou para a caminha a pensar na Carla com a Fernande, mais a Félicie e a Léonor. E, com sorte, pode ser que ainda sonhe comigo e com a Lulu. Sim, que os meus gostos são muito pouco mainstream e os mistérios da tusa são insondáveis.

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